THE BLACK MAMBA

Infância na Itália

Kobe Bean Bryant nasceu na Filadélfia, o mais novo de três filhos do ex-jogador da NBA, Joe Bryant. Aos 6 anos de idade, seu pai se aposentou da NBA e foi jogar na Itália, levando sua família com ele. Kobe se adaptou ao país e aprendeu a falar o idioma fluentemente, voltava para os USA somente no verão e disputava torneios de basquete.

Começou a jogar basquete com 3 anos de idade, seu avô o mandava fitas de jogos do Lakers, da época do Showtime, e um pequeno Kobe Bryant acabou se tornando fã do time e apaixonado por basquete. Acompanhava o pai em seus treinos e em alguns jogos, em certas ocasiões, fazia o papel de gandula. O que era mais importante, era que ele queria estar no ambiente do basquete, não importava como.

Jogava por um time local na Itália, Bryant era o único afrodescendente do time, fato que o fazia se isolar, e as crianças não o aceitavam bem, sendo assim, ele usava o basquete como uma forma de "vingança" por não ser aceito e ali começava a nascer o seu "killer instict".


(Kobe e seu pai com o time local da Itália que jogava)

Lower Merion High School

Quando Joe se aposentou em 1991, a família Bryant voltou para os USA e Kobe foi para a escola Lower Merion, onde disputou o campeonato de Ensino Médio. Bryant se tornou o primeiro novato em décadas a ser titular pela equipe, mas em seu primeiro ano, o recorde no campeonato foi de 4-20. Nos três anos seguintes, o time teve uma soma de 77-13, com Kobe jogando nas cinco posições. Suas médias eram de 31.1 pontos, 10.4 rebotes e 5.2 assistências, foi nomeado Melhor Jogador do Ano do Estado da Pensilvânia.


(Itens de Kobe guardados como memória na Lower Merion High School)

Em seu último ano, Kobe venceu o primeiro título da Lower Merion após 53 anos. Bateu diversos recordes no caminho, inclusive de maior número de pontos do Sudeste da Pensilvânia, passando Wilt Chamberlain.

Com todo esse destaque, as faculdade começavam a observar o futuro jogador. Duke, Michigan, North Carolina e Villanova estavam no topo da lista. Mas Kobe decidiu que iria direto para a NBA e não faria a faculdade.




Início da Carreira

Com o Draft de 1996, Kobe se tornou o primeiro jogador da história a ser draftado direto do Ensino Médio. Foi a 13ª escolha do Charlotte Hornets, mas de acordo com o empresário de Kobe da época, Arn Tellen, jogar pelo o Hornets era uma impossibilidade. Um dia antes do Draft, a pick já havia sido trocada para o Los Angeles Lakers e 5 minutos antes de fazer a escolha, foi avisado ao Hornets quem o time deveria selecionar.



Kobe já havia feito testes em LA, e Jerry West, GM do Lakers na época, ficou impressionado, e disse que aquele era o melhor teste que havia visto em sua vida. Naquele mesmo ano, West contratou Shaquille O'Neal que já era um dos jogadores mais dominantes da liga e o técnico Phil Jackson, que foi o treinador do Chicago Bulls na sua dinastia de 6 títulos da década de 90. Ali se iniciava a carreira profissional de Kobe, e também de sua dupla com Shaq.

Um começo difícil

Kobe jogou bem na Summer League, mas com o início da Temporada, teve que assistir a maior parte dos jogos do banco, jogava poucos minutos e as vezes entrava apenas no "garbage time". Em seu documentário, "Muse", Bryant disse que aquele foi um momento de muita frustração para ele, pois assistindo aos jogos ele sentia que ele poderia enfrentar aqueles jogadores de frente, e enquanto ficava no banco em LA, via Allen Iverson e Tracy McGrady botarem fogo na liga, jogadores que eram tão jovens quanto ele.



Kobe dirigia pelo Campus da UCLA, observando os alunos se divertindo, enquanto sua vida era apenas basquete. Foi um momento em que ele começou a se questionar se sua escolha de não fazer a faculdade havia sido correta.

Mas coisas boas também aconteceram com o correr da Temporada, Kobe se tornou o jogador mais jovem da história a jogar pela NBA, e o mais jovem a ser titular em um time da liga. Foi também campeão do Campeonato de Enterradas e entrou para o 2º Time Ideal dos Novatos.

O Lakers foi até as semi-finais de conferência daquele ano contra o Utah Jazz, a série estava 3-1 para o Jazz. Chegando ao fim do jogo, o time de LA já havia perdido Byron Scott devido a lesão, Robert Horry e Shaq tinham sido ejetados. Kobe assumiu a liderança do time faltando 1:46 para o fim, e o novato teve 4 air-balls nos momentos finais e o Lakers foi eliminado.


(Kobe em seus 4 "air balls" contra o Utah Jazz, Shaq conversando com o jovem camisa 8 logo após o fim da partida.)

Mas apesar dos erros, Kobe ganhou admiração, Shaq disse que ele foi o único que teve coragem de fazer os arremessos no fim da partida, com apenas 18 anos. Imediatamente após aquele jogo, Bryant foi para um ginásio em LA, e treinou arremessos o dia todo, era uma maneira dele descontar a raiva de ter deixado a torcida e seus companheiros de time na mão.

Aprendendo com o melhor

Em seu segundo ano, Kobe ganhou mais tempo de quadra e logo mostrou seu talento, suas médias de pontos dobraram de 7.6 para 15.4 por partida. Concorreu ao prêmio de 6º Homem do Ano, e a partir dos votos dos fãs, se tornou o jogador mais jovem da história a ser titular em um All-Star Game.

Na Temporada de 1998-99, Bryant se tornou titular da equipe e um dos melhores guards da liga, assinou uma extensão de 6 anos no seu contrato por US$70 milhões. As comparações com Michael Jordan e Magic Johnson, começavam a surgir. Kobe se tornou grande amigo de Mike, que lhe ensinou muito sobre seus movimentos e liderança, ensinamentos que o camisa 8 levou para quadra e usou por toda sua carreira.


(Michael Jordan e Kobe Bryant em um Lakers x Bulls em Dezembro de 1997. Jordan anotou 36 pontos e Bryant 33)

"The Greatest One-Two Punch Ever" 

Em 1999, Phil Jackson, treinador do Chicago Bulls em seus 6 títulos, assumiu o Los Angeles Lakers, e o triângulo ofensivo começou a ser usado pela equipe, assim como era usado pelo Bulls nos anos 90. A nova estratégia iria erguer não só o jogo de Bryant, mas principalmente o de O'Neal, e assim surgiu umas das melhores duplas da história da NBA.



O impacto da nova estratégia foi imediato, Kobe melhorou em todos os aspectos e o Lakers venceu 67 jogos na Temporada, com Shaq MVP.

Nos Playoffs, o time continuou dominante, nas finais de conferência, Bryant foi essencial, no jogo 7 contra o Portland Trail Blazer, anotou 25 pts, 11 rebotes, 7 assistências e 4 tocos, e sacramentou a vitória de LA com uma passe para  ponte aérea de Shaq, jogada que se tornou uma das mais relevantes da dupla.

Nas Finais, contra o Indiana Pacers. Havia se machucado no Jogo 2, torceu o tornozelo após cair no pé de Jalen Rose, que admitiu que havia ficado embaixo de Bryant propositalmente, o impedindo de jogar a próxima partida. Kobe voltou para o Jogo 6 e foi decisivo novamente. Após Shaq ser ejetado, tomou a liderança do time, e diferente do que aconteceu em 97, dessa vez não errou, anotou 22 pts no segundo tempo, e acertou o arremesso que botou o Lakers na frente por 120x118, na prorrogação, dando uma liderança de 3x1 na série, que voltou para LA, onde a equipe foi campeã e Shaq o MVP das Finais.



A rivalidade com Allen Iverson 

Estatisticamente, poucas coisas mudaram na nova temporada, mas Kobe ganhava um novo rival que iria elevar ainda mais seu jogo.

Allen Iverson foi a primeira escolha do Draft de 1996, o mesmo de Kobe. Foi escolhido pelo Philadelphia 76ers e logo em seu primeiro ano botou fogo na liga, batendo recordes de pontos, ganhando o prêmio de Novato do Ano e dando um drible em Michael Jordan que ficou marcado na história. Enquanto Bryant estava no banco em LA.



A rivalidade já havia começado em 1999, quando os dois se enfrentariam pela primeira vez. Kobe marcou Iverson em boa parte do jogo, e já se notava ali o nível de competitividade dos jovens. "The Answer" anotou 41 pontos e 10 assistências, e marcou aquela partida na cabeça de Kobe por toda sua carreira. Anos após essa partida, Bryant disse como AI o motivou a se tornar um dos melhores defensores da liga, pois ninguém poderia marcar tantos ponto em cima dele, e isso o tornou ainda mais obsessivo pelo jogo.

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Em carta para o Players Tribute, Kobe disse: "Trabalhar duro não era o suficiente. Eu tinha que estudar aquele homem maniacamente. Eu obsessivamente li cada artigo e livro que eu poderia encontrar. Eu obsessivamente assisti cada jogo que ele havia jogado, indo até para o IUPU All-American Game. Eu obsessivamente estudei todo sucesso dele, e cada luta. Eu obsessivamente procurei por cada fraqueza que eu poderia encontrar. Isso me levou a estudar como os grandes tubarões brancos caçam focas na costa da África do Sul. A paciência. O timing. Os ângulos."

Na Temporada 2000-01, AI foi MVP e liderou o 76ers para a final da NBA, onde enfrentaria o Lakers de Shaq e Kobe, que após mais uma campanha dominante na Temporada Regular, estavam invictos nos Playoffs.

A expectativa para muitos era de uma varrida, mas Iverson fez questão de que isso não acontecesse. Anotou 48 pontos e deu à Shaq e Kobe sua primeira derrota naqueles Playoffs. O Lakers acabou vencendo os próximos 4 jogos e se consagrando campeão. Kobe jogou muitos minutos durante os Playoffs e teve média de 29.4 pts, 7.3 rebotes e 6.1 assitências, e Shaq, mais uma vez o MVP das Finais, havia declarado que o camisa 8 era o melhor jogador da liga.



A crise

O Lakers venceu mais um campeonato na Temporada 2001-02, completando o three-peat e dando a Kobe seu terceiro título. Mas os problemas com Shaq começavam a surgir.

A dupla que era a mais dominante da NBA, sempre teve um relacionamento de altos e baixos, pelo alto nível de competitividade dos dois, os treinos eram recheados de trash-talk e alta intensidade, em casos até em que ambos foram as vias de fato, com os companheiros de time sendo obrigados a separar.



Kobe entendia que o nível de competitividade de Shaq era o mesmo que o seu, e dessa forma, mesmo com discordâncias, ele sabia que em quadra, ambos dariam um jeito de dar certo, pois suas obsessões eram as mesmas.

E tudo de fato estava dando certo, eram 3 finais e 3 títulos. Mas com a chegada da Temporada 2001-02, Kobe queria fazer mais em quadra e treinava intensamente durante o verão. Já Shaq, em uma conversa com Bryant, pelo Players Only em 2018, disse que realmente não treinada durante o verão, ele não precisava se preparar para enterrar, ele iria ficar pronto quando estivesse, e que Kobe poderia lhe dar 40 pontos sempre que quisesse. E assim os atritos se intensificaram.



Shaq jogou pouco no início da Temporada, devido a sua falta de preparação, dando a liderança do time para Kobe, que quebrou vários recordes, como de mais bolas de três pontos, 9 jogos seguidos anotando no mínimo 40 pontos e começava a criar sua reputação de ser um jogador decisivo nos momentos finais. Quando O'Neal estava pronto para voltar, Bryant não queria perder o protagonismo para seu companheiro.

O Lakers acabou sendo eliminado dos Playoffs pelo Spurs, que se tornaria campeão, encerrando a dinastia de Finais da dupla. Mas um super time estava sendo formado para o time voltar as finais, os All-Stars, Karl Malone e Gary Payton haviam sido adquiridos para a próxima temporada, formando um dos melhores times da NBA, mas apenas na teoria.



O super time do Lakers foi marcado por lesões, apenas Gary Payton conseguiu se manter saudável. Mas ainda assim, LA conseguiu voltar às finais, onde enfrentariam o Detroit Pistons, duelo em que muitos consideravam o time Angelino como grande favorito. Porém a equipe foi derrotada em 5 jogos, marcando a primeira derrota em Finais de Kobe e o fim de sua dupla com Shaq.

Colorado

Ainda com o Super Time, o Lakers era alvo de muita mídia, mas não apenas pela presença de 4 All-Stars no time, mas também pelo caso de adultério de Kobe Bryant.

No verão de 2003, Kobe foi preso em Colorado, acusado de estupro por uma funcionária de 19 anos do hotel em que o jogador estava hospedado. Bryant confirmou o adultério, mas negou que teria violado sexualmente a mulher.


(Kobe no julgamento do caso de Colorado)

O processo não seguiu adiante, a mulher optou por não participar do julgamento, mas a reputação de Kobe estava manchada, seus patrocínios foram cancelados e o jogador pediu desculpa publicamente pelo incidente.

Mas as consequências atingiram também a esposa de Kobe, Vanessa. Os dois se conheceram em LA, no início da carreira de Bryant, quando o mesmo arriscou uma carreira no rap, e em seu clipe, Vanessa iria participar. Se casaram e tiverem sua primeira filha, Natalia. Em 2003, o casal esperava mais um filho, mas após a traição, se separaram temporariamente, e devido ao constante estresse provocado pelo erro de Kobe, Vanessa perdeu aquele que seria o segundo filho do casal.


(Kobe e Vanessa em seu pedido de desculpas público pelo caso de violência sexual em Colorado)

The Black Mamba 

Após a derrota para os Pistons, Kobe considerou a possibilidade de sair do Lakers, seu contrato havia chegado ao fim, e o jogador não queria mais atuar na sombra de Shaq. Seu destino seria o Chicago Bulls, Bryant e sua família já procuravam por casas e escolas na cidade. Mas Dr. Jerry Buss, dono do Lakers, na época, decidiu que iria recomeçar o processo, e seria através de Kobe, sendo assim, Shaq foi trocado para o Miami Heat. Phil Jackson, Karl Malone e Gary Payton também saíram.

Após caso de Colorado, Kobe passou a ser hostilizado quando jogava fora de casa, mas ele usou todo o desafeto como motivação, e assim, criou o Black Mamba. Uma persona diferente do que era Kobe Bryant. Kobe deveria cuidar dos problemas pessoais, já o Black Mamba usaria todo seu ódio e determinação em quadra e destruiria quem aparecesse na sua frente.




"Era simplesmente f***-se todo mundo. Eu vou destruir todo mundo que pisar em quadra. Eu tinha toda essa frustração reprimida que eu precisava botar pra fora. Foi uma avalanche, cara. Não teria nada que ficaria no meu caminho. Não teria nada que iria me parar."

- Kobe Bryant em sua personalidade de "Black Mamba", para o seu documentário "Muse".

De 2004 até 2007, Kobe fez os melhores anos de sua carreira, individualmente. Mudou sua camisa da 8 para a 24, bateu diversos recordes, e teve performances memoráveis, como quando estava com 63 pontos no 3º quarto, enquanto o seu adversário Dallas Mavericks, tinha 62 pontos. Contra o Phoenix Suns, nos Playoffs, levou o jogo para a prorrogação nos últimos segundos e depois fez o arremesso da vitória na batida do cronômetro. E claro, os 81 pontos contra o Toronto Raptors, segunda maior marca de pontos da história da NBA, atrás apenas dos 100 de Wilt Chamberlain.


(Kobe Bryant na partida em que marcou 81 pontos, segunda maior marca de pontos da história da NBA.)

Mas mesmo com todo o destaque, Bryant não conseguiu o título de MVP, perdendo duas vezes para Steve Nash, e o Lakers não teve sucesso nos Playoffs. Seguidas eliminações ocorreram e em 2006, Bryant pediu para ser trocado, fato que Dr. Buss aceitou por um momento, mas trabalhou para mudar a cabeça do camisa 24.

Recomeço

Com a volta de Phil Jackson, Derek Fisher e o mais novo draftado Andrew Bynum, o Lakers iniciou a Temporada 2007-08 com uma campanha de 25-11 e na trade deadline, adquiriu Pau Gasol, do Memphis Grizzlies. Kobe foi MVP pela primeira e única vez na sua carreira, após liderar a equipe à conclusão da Temporada com um recorde de 57-25.



Após finalizar em primeiro no Oeste, o Lakers passou por todos os seus adversários e voltou as finais da NBA, fata que não acontecia desde o super time de 2004, e Kobe seria introduzido à maior rivalidade da história, que fez parte de toda sua infância quando seu avô lhe enviava fitas com os jogos gravado, só que dessa vez, ele faria parte disso tudo. Mais uma final seria decidida contra o Boston Celtics.

Um velho conhecido

Vamos voltar no tempo um pouco, Kobe nasceu em 1978, um ano após o seu nascimento, a NBA estava à beira de uma rivalidade que mudaria sua história, Magic Johnson x Larry Bird. Quando já estava na Itália, seu avô gravava jogos da NBA e enviava para Kobe e assim ele foi apresentado ao Showtime Lakers e se encantou pelo time, se tornando um grande fã de LA. Era obcecado por Magic, sabia tudo sobre ele, treinava o sky hook de Kareem Abdul-Jabbar, queria correr como James Worthy e finalizar os contra-ataques como Byron Scott. Com Lakers e Celtics dominando todas as finais de NBA dos anos 80, Kobe foi apresentando ali àquela grande rivalidade histórica que havia entre os times.


                                                                                                                 (Dear Basketball, de Kobe Bryant)

Voltamos para 2008, Kobe Bryant, 3x campeão da NBA e MVP, finalmente seria apresentado pessoalmente a rivalidade em que era apaixonado quando era pequeno, era hora de decidir um título contra o Boston Celtics.

A série não foi como Kobe esperava. Em seu documentário, Muse, disse que o time do Celtics tinha muito mais vontade que o Lakers e que ele talvez teria sido duro demais com seus companheiros durante a Temporada, portanto eles não estavam prontos para vencer aquela Final.

Isso se provou corretamente, o Celtics foi campeão em 6 jogos, o Lakers não conseguia manter suas lideranças de pontos durante as partidas, permitiu uma virada após vencer por 24 pontos no jogo 3 e no jogo 5, apesar da vitória, permitiu uma liderança confortável ir embora e no decisivo jogo 6, perdeu por 39 pontos, batendo o recorde de uma vitória de título com a maior margem de pontos da história.



A volta ao topo

Kobe foi para as Olimpíadas com a derrota nas finais engasgada, mas ainda assim venceu o Ouro pela primeira vez com um time que de acordo com Bryant, poderia vencer o Dream Team de 1992.

Com o início da nova temporada, Bryant igualou o melhor início de Temproada da história do Lakers, 17-2. Teve inúmeras boas performances, com destaque para o recorde de pontos no Madison Square Garden, 61 pontos, em partida contra o New York Knicks. Se reencontrou em quadra com seu velho amigo, Shaquille O'Neal, no All-Star Game, onde ambos puderam reviver a grande dupla por uma última vez e ambos foram o MVP da partida.



Nos Playoffs, não tiveram jogos fáceis, venceram o Utah Jazz em 5 jogos, Houston Rockets em 7 e Denver Nuggets em 6 na final de conferência, série que ficou marcada pelo grande confronto de Kobe Bryant com Carmelo Anthony.

A expectativa era de uma revanche nas finais, contra o Celtics, mas o time Celta caiu para o Orlando Magic nas Semi-Finais, surgindo assim uma nova esperança, Lebron x Kobe decidindo um título, mas assim como Boston, Cleveland ficou pelo caminho após 6 jogos.

Kobe foi dominante nas finais contra o Orlando Magic, era sua segunda oportunidade de provar que poderia vencer sem Shaq, e encarou o desafio da melhor forma possível. Foi o MVP das Finais com médias de 32.4 pontos, 7.4 assistências e 5.6 rebotes, dando ao Lakers seu 15º título e o 4º de sua carreira.



A vingança

Kobe confirmou sua fama de "clutch player", foram 6 arremessos para a vitória durante a Temporada 2009-10 e ganhou um novo contrato de US$87 milhões por 3 anos. Teve múltiplas lesões durante a Temporada, mas optou por jogar em vez de tratar na maioria delas, perdeu apenas 9 jogos.

Com a chegada de Ron Artest, Melhor Defensor do Ano em 2004, o Lakers avançou para as finais pelo 3º ano seguido e teriam uma chance de revanche contra o Boston Celtics, que também estava mais forte após a chegada de Rasheed Wallace na equipe.

A série foi até o Jogo 7, em toda a história da rivalidade Lakers x Celtics, nunca o time de LA havia vencido um jogo final decisivo contra os Celtas. Kobe foi fortemente marcado durante o jogo, tendo até três jogadores ao mesmo tempo e não teve bom aproveitamento nos arremessos de quadra, 6 de 24, mas ainda assim liderou a equipe com 23 pontos. Com destaque de Ron Artest, 20 pontos, e Pau Gasol, melhor jogador daquela partida, o Lakers teve sua vingança da Final de 2008, com Bryant mais uma vez MVP e com seu 5º título, que de acordo com o próprio, o melhor dos 5 por exatamente ser em cima do Celtics.



Em busca do 6º

Em 2011, o Lakers foi para os Playoffs mais uma vez como favoritos, mas foi supreendido pelo Dallas Mavericks e perdeu em 4 jogos para o time de Dirk Nowitzki, que eventualmente se consagraria campeão. Após a eliminação, Phil Jackson anunciou que não voltaria para a próxima temporada.

No ano seguinte, Bryant manteve sua excelência, disputando para ser o cestinha da liga, mas caiu mais uma vez nos Playoffs, dessa vez para o Oklahoma City Thunder de Kevin Durant.

Se reuniu mais uma vez com Lebron e Wade para as Olimpíadas de 2012 e venceu pela segunda vez o ouro e se aposentou da equipe.



Para a nova Temporada, Kobe teria sua última chance de concorrer ao título, o Lakers adquiriu Steve Nash e Dwight Howard, formando um super time. O ex-técnico do Cleveland Cavaliers, Mike Brown, havia sido contratado, mas após um início de 1-4, o treinador foi demitido. Em seu lugar, um conhecido da infância de Kobe assumiu, Mike D'Antoni. Mas o time não encaixou, Howard e Bryant tinham desentendimentos e Nash problemas de lesão.

Mesmo assim, Kobe jogou seu melhor basquete da carreira, de acordo com o próprio, melhorou defensivamente e ainda estava entre os melhores em pontos, estava jogando mais minutos do que em toda sua carreira e estava treinando mais do que nunca, tudo isso com 33 anos. Teve seu contrato estendido por mais 2 anos e US$48,5 milhões, se mantendo como jogador mais bem pago da liga.




A cicatriz

Todo o treinamento e esforço de Kobe para carregar seu time para os Playoffs de 2013 teve seu preço, em partida contra o Golden State Warriors enquanto o Lakers faziam uma corrida para tentar um dos últimos lugares nos Playoffs, Bryant rompeu o tendão de aquiles e ainda assim foi arremessar seus lances livres, mas foi obrigado a encerrar sua temporada.

Kobe estava diante do maior desafio de sua carreira, jogadores que rompiam o tendão de aquiles nesse estágio da carreira nunca voltavam a ser os mesmos, e muitos haviam se aposentado após ela.



O camisa 24 se recuperou e conseguiu voltar na temporada seguinte, mas nunca mais foi o mesmo, assim como o Lakers. O super time havia sido desfeito após ser varrido na primeira rodada dos Playoffs, seu grande amigo Pau Gasol também havia partido, restando apenas Kobe de uma era vencedora de LA.

Seguidas lesões o acompanharam até o fim de sua carreira, em 2014 finalizou a temporada mais cedo após uma lesão no joelho, e em 2015 mais uma vez foi obrigado a encerrar sua Temporada antes do fim, dessa vez por uma lesão no ombro. Todos os anos em que Kobe jogou no sacrifício e optou por não cuidar de seu corpo para jogar, agora estava sendo cobrado. O Lakers não voltou mais aos Playoffs e teve seguidas temporadas de derrotas.

Jeanie Buss, filha de Dr. Buss e dona do Lakers, chegou a oferecer à Kobe uma chance de ser trocado e encerrar sua carreira em um alto nível em outro time, mas o camisa 24 rejeitou a oferta de Jeanie, pois após todos os anos junto de LA, ele não iria abandonar o time porque agora eles estavam perdendo.

E no início da Temporada 2015-16, Kobe anunciou em forma de um poema para o "The Players Tribute" que iria se aposentar.


(Kobe Bryant quando se tornou o 3º maior cestinha da história da NBA, ultrapassando Michael Jordan)

60

Após o anúncio de sua aposentadoria, Kobe iniciou sua "Farewell Tour" e foi ovacionado em todos os ginásios que jogou por toda a Temporada, apesar de ter sido a pior da história do Lakers, a tour se tornou um consolo para os torcedores e para Kobe que não pôde encerrar sua carreira em alto nível.

Para seu último jogo, Bryant tinha reservado um show especial, digno de toda sua carreira. No jogo contra Utah Jazz, anotou 60 pontos, dando a vitória para o Lakers e a oportunidade dos fãs terem uma última lembrança do que ele um dia havia sido e saiu de quadra pela última vez, como uma lenda do basquete.



8 & 24

Kobe venceu 3 títulos com a camisa 8 e com a camisa 24 foi MVP e venceu 2 títulos, se separarmos os dois, ambos se qualificariam para o Hall of Fame da NBA. Então quando foi decidido que Kobe teria sua camisa aposentada, não houve dúvidas que deveriam ser as duas, que hoje já estão estendidas no Staples Center.

Em seu discurso, mostrou o que é a verdadeira Mamba Mentality: "Aqueles tempos em que você acorda cedo e trabalha duro. Aqueles tempos em que você fica acordado até tarde e trabalha duro. Aqueles tempos em que você não está afim de trabalhar. Você está muito cansado. Você não quer se esforçar, mas você se esforça mesmo assim... Esse é o verdadeiro sonho".


(Kobe, Vanessa e suas três filhas, Natália, Gianna e Bianka em sua cerimônia de aposentadoria das camisas 8 e 24)

Oscar

O poema de aposentadoria do Kobe, feito para o Players Tribute em 2016, se tornou um curta e foi animado por Glen Keane, que fez animações como A Bela e a Fera, Aladim, Tarzan, entre outros sucessos. A trilha sonora, foi feita pela lenda, John Williams que foi muito premiado por toda sua carreira e seu principal trabalho foi a trilha sonora da franquia Star Wars.

Kobe venceu o Oscar, e na nova etapa de sua vida, mostrou que ainda pode fazer muito fora das quadras e que jogadores são muito maiores do que apenas pessoas que driblam e arremessam. Após a premiação, o ex-Laker disse: "Eu me sinto melhor do que se eu tivesse ganhado um título, para ser honesto. Eu juro que é assim que eu me sinto."



Legado

Kobe deixou um legado enorme na NBA, é considerado até hoje um dos melhores de todos os tempos e para muitos, o "Michael Jordan" da geração 2000. É o terceiro maior cestinha da história da NBA, o maior pontuador da história do Lakers e o único jogador a permanecer 20 anos atuando pela mesma equipe na história da NBA, até o momento, entre outros recordes.

Sua história estará para sempre com o Lakers, são 5 banners e duas camisas aposentadas no Staples Center e sem dúvida nenhuma, uma estátua virá, quem sabe até duas, 8 e 24 novamente, descobriremos com o tempo.


(Kobe na celebração do seu 5º título, na final contra o Boston Celtics em 2010)

Mas o seu maior legado é a Mamba Mentality, Kobe diz que títulos ficam, mas o seu legado pode ser passado de geração para geração. Hoje vemos muitos jogadores que estão no auge de suas carreiras e tiveram Kobe como inspiração e até seguem seus ensinamentos até hoje, mesmo após a aposentadoria, Bryant sempre se mostra disposto a ajudar jogadores que vão até ele pedir conselhos, de acordo com ele, o que Michael Jordan, Magic Johnson, Bill Russell e Kareem Abdul-Jabbar fizeram por ele, ele também faria para àqueles que estão jogando hoje e que ainda virão.

Ensinamentos passam de geração para geração, assim como fizeram com Kobe quando era jovem, hoje ele faz pelos outros, pois agora ele faz parte dessas lendas, o próximo será LeBron James, e dessa maneira a NBA segue evoluindo, e seu legado vai junto dela.








Samuel Freitas, 08/06/2018