Foi em Março de 1962, contra o New York Knicks que a NBA viu algo que nunca aconteceria novamente. Wilt Chamberlain fez história com uma performance de 100 pontos. Após isso, a marca de pontos acima de 70 pontos só foi quebrada mais duas vezes, com os 71 pontos de David Robinson contra o Clippers em 1994, sendo a mais alta delas.
Um mês antes de enfrentar Toronto, Kobe mais uma vez fez história quando anotou mais pontos do que o time inteiro do Dallas Mavericks em três quartos, 62x61 (o Lakers liderava por 95x61). Bryant jogou apenas 33 minutos aquela partida, e ficou no banco por todo o último quarto, por opção pessoal. Quando perguntado quantos pontos ele achava que teria se tivesse jogado, Kobe disse, "Provavelmente 80. Eu estava muito, muito bem encaixado."
Todos acharam que ele era louco de ficar no banco por todo o último quarto, sendo que ele poderia bater um recorde naquela noite, mas Kobe disse que não era necessário, quando o time precisasse ele teria mais uma noite daquela.
E não demorou muito...
No dia 22 de Janeiro de 2006, Kobe Bryant fez o jogo de sua vida e a maior performance de um só jogador na história da NBA Moderna.
O Lakers venceu de virada o Toronto Raptors por 122x104, Kobe terminou a partida com 81 pontos com um aproveitamento de 28/46, 7/13 dos arremessos de 3 e 18/20 dos lances livres.
No verão antes daquela temporada, Kobe se dedicou muito aos treinos, passava muito tempo no ginásio treinando milhares de arremessos e na esteira para que pudesse correr na velocidade mais alta que pudesse, na maior quantidade de tempo que aguentasse.
Era um jogo simples, de uma temporada regular. O Lakers fez um terrível primeiro tempo, perdia por 14 pontos, Kobe estava tentando jogar mais coletivamente nessa partida, mas o time não estava bem. Com a volta para o segundo tempo, Bryant decidiu tomar conta do jogo.
"Nem mesmo nos meus sonhos," disse Bryant. "Foi algo que simplesmente aconteceu. É difícil explicar. É simplesmente uma daquelas coisas."
Companheiros de time e do staff pediam para Kobe autografar a box score da partida, o locutor do Lakers, Lawrence Tanter dizia para os torcedores no STAPLES Center naquela noite guardarem seus ingressos como recordação. Dr. Buss descreveu sua performance como "uma milagre desdobrado."
"Aquilo foi algo para se contemplar," disse Phil Jackson, técnico do Lakers na época. "Foi outro nível. Eu já vi alguns jogos marcantes, mas eu nunca vi algo parecido com aquilo antes."
Phil quase tirou Kobe da partida quando ele estava com 77 pontos, mas reconsiderou a ideia, quando o seu assistente técnico, Frank Hamblen o disse, "Aconteceria uma desordem."
Com o Lakers perdendo por 18 pontos no terceiro quarto, Kobe explodiu, e anotou 27 pontos no 3º quarto e 28 no último. Fez todos os pontos do time, com exceção de 18. Bryant terminou o segundo tempo com 55 pontos, se tornando a segunda melhor performance de um tempo na história da NBA, atrás apenas dos 59 pontos de Chamberlain, no jogo de 100 pontos.
Contestado, saindo do drible, infiltrando o garrafão, arremessando de 3, não importava como, Kobe estava acertando arremessos de todas as maneiras, de todos os cantos da quadra. E não havia nada que o Raptors poderia fazer para pará-lo.
"Nós simplesmente estávamos assistindo ele arremessar," disse Chris Bosh, jogador do Raptors.
O número 81 se tornou marcante na carreira de Kobe, assim como o 8 e o 24. Bryant foi 5x campeão da NBA, MVP, teve 7 aparições em Finais, com 2 MVP das Finais e muitos prêmios e recordes individuais. Mas para muitos esse foi o momento mais marcante de sua carreira.
"É na verdade um testamento do poder da imaginação honestamente," disse Kobe em uma entrevista para a ESPN em 2016. "Existem muitos jogadores que vêm agora que não acham que 80 pontos é possível. Você pensa 50, se você estiver bem quente -- 60. Eu nunca tive esse limite. Nunca. Eu nunca pensei dessa forma. Eu sempre achei que 80 era possível. Eu pensava que 90 era possível. Eu pensava que 100 era possível. Sempre. Eu acho que aquele jogo é um testamento do que acontece quando você não põe um teto em o que você é capaz de fazer."
O jogo não se tornou só marcante para os fãs de NBA, mas também para Kobe, que o tem como seu momento favorito na carreira. Não só pela marca histórica, mas também por ter sido o primeiro e único jogo profissional que sua avó o assistiu ao vivo.
Ela escolheu o jogo certo.
Samuel Freitas, 27/07/2018
Comentários
Postar um comentário